It Seems Like Old Times
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Nação Fast Food
Cada vez mais interessante está a carreira de Richard Linklater. Cineasta que prefere se manter na área independente norte-americana, seus filmes apresentam originalidade ao mesmo tempo em que são extremamente baratos para os padrões hollywoodiano (com exceção de Escola de Rock e Newton Boys, que custaram 20 e 27 milhões de dólares, respectivamente, todos os seus filmes custaram menos de 10 milhões). Encontramos originalidade no romance Antes do Amanhecer (e em sua seqüência Antes do Pôr-do-sol, que viria quase uma década mais tarde), no longa de animação existencialista Waking Life, na comédia roqueira Escola de Rock, na adaptação do clássico de ficção-cientifica O Homem Duplo, e novamente em Nação Fast Food. Todos excelentes filmes, mas nunca sucessos de bilheteria (sendo Escola de Rock a única exceção). Mais que o publico norte-americano não costuma apreciar filmes com altas doses de crítica e reflexão não é nenhuma novidade.

Nação Fast Food gira em torno de algo bobo e bastante improvável: Um sanduíche chamado de Big One (ou Grandão para quem preferir). É este sanduíche o novo carro principal de uma cadeia de fast food chamada Mickey’s. Tudo ótimo, até um grupo de cientistas encontrarem uma dose de coliformes fecais acima da media (!?) permitida. “Existe merda em nossos hambúrgueres” diz o chefão da empresa para o personagem de Greg Kinnear quando ele não entende coliformes fecais. É a partir dessa revelação, que Don Henderson (Kinnear), vice-presidente de marketing da companhia fica com o dever de investigar o “ciclo do sanduíche”, desde a transformação da carne na fábrica até a hora em que será devorado pelo cliente.

Linklater decide por mostrar cada etapa através dos personagens, e estão todos lá. Os mexicanos ilegais que são obrigados a fazerem nojentos (literalmente) trabalhos na fábrica do tal hambúrguer (destaque para Catalina Sandino Moreno e Wilmer Valderrama); o fornecedor de gado (ou quase isso) da empresa (Kris Kristofferson, o Whistler de Blade); os jovens norte-americanos que têm noção da merda que vendem, mas que precisam fazê-lo para pagar a faculdade (destaques para os talentosos Paul Dano e Ashley Johnson); os jovens ambientalistas que são contra a cadeia de fast food (divididos entre os que realmente querem fazer algo e os que só estão fazendo tipo); e as pessoas que sustentam todo esse esquema comprando os sanduíches. Todos devidamente bem interpretados pelo elenco. Há ainda participações especiais de Ethan Hawke e Bruce Willis (que competentemente, demonstra toda a corrupção de uma rede como essas em uma única aparição de 8 minutos).

E Linklater nos surpreende por só apelar para cenas fortes quando o filme está quase no final. Mas como nem tudo é perfeito, temos que aturar a chata da Avril Lavigne em alguns minutos de filme. Há apenas um extra no DVD, que é um mini documentário com depoimentos do diretor, autor do livro (e co-roteirista do filme) e do elenco. Se não lhe proporcionar uma reeducação alimentar (se é que você já teve alguma), pelo menos você viu um ótimo filme.

Nota: 8.5

Extras: 4

Daniel Miguel

posted by Revista Nerd @ 07:58  
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