Dirigido pelo veterano Milos Forman, Sombras De Goya pode ser dividido em duas partes. A primeira (correspondente à primeira metade do filme) é irretocável, assim como seus clássicos Um Estranho No Ninho e Amadeus. A segunda (que corresponde à segunda metade) possuí defeitos e é um pouco arrastada. Mas além de terem a mesma equipe de produção e serem parte do mesmo filme, ambas as partes têm como semelhança o fato de serem belíssimas. Em 1792, na Espanha, o pintor espanhol Francisco Goya (Stellan Skarsgård, de Piratas Do Caribe) era o artista mais famoso do país, sendo unanimidade entre nobreza e clero. É também nesse ano que a Igreja Católica retoma a prática chamada de Inquérito (interrogações através de torturas) sobre a figura da Inquisição. Após ser vista por um espião da Igreja recusando-se a comer carne de porco, Inês (Natalie Portman) é presa sobre a falsa acusação de ser uma herege adepta ao judaísmo. Musa de Goya e filha de um rico e ilustre comerciante, Inês “confessa” sobre tortura ser uma herege. Nem a intervenção do influente Frei Lorenzo (Javier Bardem, de Mar Adentro) impede que Inês seja brutalmente torturada nos porões da Igreja. E são estes personagens e os horrores da guerra (as Expansões Napoleônicas, no caso), que alimentam as pinturas de Goya. Apesar de ter o genial Francisco Goya como figura central do longa, o filme de Forman não é sobre a vida do pintor, como Amadeus foi sobre a vida do também genial Mozart. Sombras De Goya é sobre seres humanos e sua adaptação aos acontecimentos de sua época, retratados aqui através das práticas da Inquisição e da Invasão Napoleônica sobre a Espanha. Como dito acima, na primeira metade do filme (a luta pela liberdade de Inês) são somente pontos positivos para o diretor. Já na segunda metade (a invasão da Espanha), Forman continua mostrando sua competência, porem é o elenco (o trio principal, especificamente) e a linda fotografia que segura as pontas até os créditos finais. O espanhol Javier Aguirresarobe (que também realizou um trabalho excepcional como diretor de fotografia em Os Outros) faz aqui um trabalho extremamente competente na fotografia do filme. Stellan Skarsgård e Javier Bardem também estão extremamente bens como Goya e Lorenzo, mas é Natalie Portman que (novamente) possuí o maior brilho entre o trio principal. Portman se encarrega de duas personagens, e nos brinda com uma interpretação brilhante em ambas. Sombras De Goya é arrastado em certo momento, mas demonstra competência de todos os envolvidos, além de ser um belo filme. Nada revolucionário, mas acima de muitos lançamentos atuais. Nota: 7.5 Daniel Miguel |