It Seems Like Old Times
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Saneamento Básico – O Filme

Sujeito inteligente esse Jorge Furtado! Em Saneamento Básico, o cineasta faz uma (disfarçada) crítica justamente em cima do esquema que pagou a realização dos quatro longas-metragens de sua carreira sem soar como um cuspe no prato em que está comendo. Explico. Em países que não existem Estúdios Cinematográficos (como a Warner, Fox, Disney...) como o Brasil, os filmes produzidos são bancados pelos impostos pagos pelos cidadãos através da “Lei de Incentivo à Cultura”. Dinheiro que poderia ser investido em educação, saúde, e outros setores básicos para a sociedade é usado para a produção de filmes nacionais. Não, não é errado investir em cultura. O que gera debate nessa questão, é que a mesma lei que garante a produção de excelentes filmes como Tropa de Elite, Baixio das Bestas, Cão Sem Dono e até mesmo o próprio Saneamento Básico (todos lançados esse ano, com críticas, diretas ou indiretas, aos erros cometidos pela sociedade brasileira), também garante a produção de filmes que qualquer brasileiro exclui ao falar sobre a cultura cinematográfica nacional.

Filmes como O Magnata, Primo Basílio, e os filmes do Didi e da Xuxa (esses não podiam faltar). A soluçao encontrada por poucos é ralar pra fazer um filme de maneira independente, caso do ótimo O Cheiro do Ralo (custo 370 mil reais contra 10 milhões gastos em Tropa de Elite). As produtoras estrangeiras só entram no esquema quando está tudo pronto, para distribuírem os filmes no território brasileiro (no caso de Saneamento Básico, a Columbia Pictures). Há também aqui, a (já popular) crítica a política adotada pelo atual governo.

No filme, os moradores de uma vila na serra gaúcha tentam há anos construir uma fossa para substituir o esgoto, que se encontra a céu aberto. Quando não conseguem mais dar conta da construção, esses mesmos moradores recorrem à prefeitura da cidade pedindo algo que todo governo diz oferecer a seu povo: Saneamento básico. O único problema é que esse recurso não é prioridade segundo a prefeitura, e sem verbas para a construção da fossa, Marina (Fernanda Torres, ótima!) se vê obrigada a buscar o dinheiro para a construção através de uma verba disponibilizada pelo governo federal para um concurso de curtas-metragens (a famosa Lei de incentivo citada acima). Junta com sua família e com a ajuda de “investidores”, Marina começa a fazer um curta-metragem que pode resolver o problema de toda a vila.

Em Saneamento Básico, Furtado consolida-se como um dos melhores cineastas brasileiros desse novo século, criando um filme de comédia inteligente e aconselhável para todas as idades, sem apelar para pornografia e palavrões, algo raro nesse país. E Recebem grande ajuda do ótimo elenco (que inclui um Wagner Moura totalmente diferente do Capitão Nascimento, a deliciosa Camila Pitanga, Bruno Garcia, Paulo Jose e Tonico Pereira, hilários na trama), todos com um surpreendente timing para a comedia. E quando parece que o filme não possui mais nenhuma carta na manga, surge Lazaro Ramos (que apesar das novelas da globo e Ó Pai Ó, sempre se mostra um grande ator nos filmes de Furtado) dando um novo (e ainda mais hilário) ar para o longa.

Os extras dessa vez ficam por conta de um making of de 20 minutos com depoimentos do diretor e elenco sobra a produção, cenas excluídas, erros de gravação, trailer de cinema, e uma animação em stop-motion (“O Monstro da Fossa”).

Filme: 8.5

Extras: 7

Daniel Miguel

posted by Revista Nerd @ 07:34  
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