quinta-feira, 4 de outubro de 2007 |
PSICOSE * 1960 |
Há quem diga que Alfred Hitchcock, além de genial cineasta, foi um grande "diretor de platéias", relacionando a recepção morna de seus últimos filmes com as mudanças que estas audiências sofriam, audiências que até então o diretor inglês sempre entendeu tão bem. Concorde-se ou não, o maior exemplo de direção de platéia, na opinião do diretor, Psicose, continua eficaz mesmo com públicos atuais que se aventuram pelo motel de Norman Bates. Hitchcock não gostava de trapacear. Para ele, filmes deveriam envolver a platéia com seu clima de suspense, deviam fazer sentido ao fim da sessão e, sempre, satisfazer o espectador. Raramente se envolveu com "Whodunits" (o famoso "quem é o culpado?"), preferia filmes que envolviam o público em situações tensas, às vezes dando à platéia mais informações que ao personagem na tela. Quando o filme foi lançado, em 1960, retardatários eram proibidos de entrar nas salas de exibição após o início da sessão, o que poderia arruinar a experiência. Grande exemplo de sua arte é Psicose. filmado em preto e branco e com uma equipe de TV, Psicose se mantém como um dos maiores clássicos do gênero. Quando personagens importantes são apresentados (incluindo-se, aí, a figura mais próxima de "herói" que há no filme, um compreensivelmente apagado John Gavin), o público já sabe o que aconteceu e quem é o culpado. Mas será que sabe mesmo? Ao longo do filme Hitchcock deixa pistas do desfecho do mistério (reflexos na janela em que Norman conversa com Marion, ou os quadros do escritório no início do filme, por exemplo). A atuação deliciosamente irônica de Anthony Perkins torna Norman Bates inesquecível. Marion Crane decide parar num motel de beira de estrada após cometer um crime impulsivo, sem saber que um dos serviços oferecidos pelo motel e seu gerente, Norman Bates, são o assassinato do cliente e seu posterior desaparecimento providenciado num pântano próximo. A relação de Norman com sua mãe não parece ser das mais saudáveis, e a relação da Senhora Bates com seus hóspedes passa longe de hotéis cinco estrelas. Basta dizer que um assassinato inesperado inicia uma investigação que envolve um policial, a irmã de Marion e seu namorado até o final inesperado e inesquecível. A capacidade de Hitchcock em criar cenas icônicas fica mais que evidente aqui - A cena do chuveiro é famosa mesmo entre aqueles que não viram o filme, e a música do genial Bernard Herrmann pontua é inigualável, poucas vezes imagens e som se completaram com tanta perfeição num filme. Psicose é a prova de que o poder de sugestão e a confiança no público podem ser, e frequentemente são, meios extremamente eficazes de levar um público a se manter grudado na cadeira, aguardando sem piscar o desenrolar de uma trama. As continuações desnecessárias e a refilmagem desastrosa mostram que talento não se imita ou substitui. Psicose é eterno, tão eficaz quanto em sua estréia. Hitchcock deu um presente ao público. com imenso prazer em sentir medo, agradecemos.
Filipe Ferreira |
posted by Revista Nerd @ 19:07 |
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